Perguntas e respostas sobre a Doença de Alzheimer
1- Como perceber que a pessoa tem Alzheimer?
É importante observar qualquer comportamento que fuja do habitual da pessoa. Geralmente os primeiros sinais da doença se apresentam como: alterações de memória recente, mudanças de personalidade, comprometimento de habilidades visuo-espaciais, dificuldade em fixar novas informações dentre outras questões.
Esquecimentos contínuos não fazem parte do envelhecimento normal, qualquer mudança/alteração, procure um médico para avaliação mais detalhada.
2- É possível uma pessoa com DA estar na mesma fase que outra porém aparentemente melhor, física e cognitivamente?
Sim, é possível. Embora a doença tenha fases, ela acontece de forma individual. Cada pessoa terá um avanço diferente que, depende muito do tipo de tratamento que está recebendo e estimulação social. O que se vê é, que pacientes que começam com tratamento transdisciplinar desde o diagnóstico da doença, medicamentoso e não medicamentoso, tem uma minimização no avanço da doença que pode durar um tempo. Já pessoas que começaram o tratamento de forma tardia, tendem a não ter uma minimização da doença de forma significativa, mas existe possibilidades.
3-É normal nos sentirmos exaustos além do limite, sem paciência e muitos estressados?
Sim, é normal. É muito difícil qualquer tarefa de cuidado, ainda mais quando se trata do cuidado a uma pessoa com Alzheimer, pois esse cuidado muitas vezes dura 24 horas. Abdica-se da própria vida, do trabalho, do lazer para cuidar de outra pessoa, quer seja porque escolhemos essa condição, quer seja porque fomos escolhidos de alguma forma ou por alguém. Quando abdicamos de nós mesmos, começamos a nos sentir cansados e frustrados primeiramente em nosso emocional e psicológico, depois esse cansaço migra para nosso físico. É importante que todo familiar/cuidador possa ter um suporte e acompanhamento psicológico para aprender a aceitar/lidar com situações atuais e vindouras.
4-A perda de um ente querido pode acelerar o processo da doença?
Sim, não só acelerar como iniciar também, principalmente depois de uma depressão.
Geralmente após a perda de uma pessoa muito próxima, quem tem DA costuma ter um ligeiro avanço da doença. Isso ocorre também para quem tem DA e precisou fazer uma cirurgia e etc.
5- Mesmo tomando medicações, com o tempo a pessoa com DA irá piorar?
Infelizmente, é verdade.Em algum momento, que é diferente para cada pessoa e, mesmo fazendo uso da medicação de forma correta, a doença tomará seu curso e as medicações aos poucos não farão mais efeito, fazendo com que a pessoa com DA tenha uma piora significativa.
6-O que fazer com a pessoa com DA que fica com medo e agitada com o fim da tarde e que alega ver bichos pela casa?
Sintoma comum em quem tem DA, ocorre normalmente no fim da tarde. Esse evento é conhecido como síndrome do crepúsculo ou síndrome do por do sol. A pessoa com DA fica mais confusa e com medo, ficando mais agitada, ansiosa, agressiva e, até pode ver coisas e pessoas pela casa. Neste momento é importante manter as luzes de casa acesa e as janelas fechadas; observe no ambiente se existe algum evento que esteja causando medo na pessoa; distraia a pessoa e desvie sua atenção tentando acalmá-la, mude de assunto; proponha uma atividade; converse. Não há uma forma certa para lidar, mas sim estratégias que vamos tentando até que uma se adapte ao paciente. Lembrando que, se determinada estratégia deu certo, sempre usar a mesma.
7-É comum que a pessoa com DA fique se masturbando?
Uma das áreas comprometidas pela doença é o lobo frontal, responsável também pelo controle da libido, logo por conta desse fator, algumas pessoas podem sim se masturbar porque não compreendem que isso é algo íntimo e particular. É importante observar se, a pessoa está de fato se masturbando ou se, de repente está com assaduras, coceiras e também infecção urinária. Uma vez que a pessoa com DA não consiga nomear o que está sentindo, pode levar as mãos aos genitais e causar outra impressão. Caso a pessoa esteja de fato se masturbando, apenas recolha-a para um local seguro e diga que ela não pode fazer isso na frente de outras pessoas.
8-É normal a pessoa com DA dormir muito?
Primeiramente, é importante identificar o que pode causar esse excesso de sono; ambiente, sintomas da doença, o consumo de cafeína, uso de medicamentos, limite de sono (quanto tempo a pessoa dorme em função normal- tempo de sono noturno ou diurno). Geralmente as pessoas com DA tem mais dificuldade em dormir do que o contrário. É interessante retornar ao médico para um anova avaliação. O uso de alguns medicamentos podem acabar por sedar a pessoa com DA.
9-É possível estimular a pessoa com DA em um estado avançado?
Sim, é possível. Quando a pessoa está em um estágio mais avançado da doença e quando não é possível realizar boa parte das atividades cognitivas, podemos usar da comunicação verbal/oral, conversas, histórias podem auxiliar a estimular a pessoa com DA. Na doença de Alzheimer o “toque”, é um tipo de comunicação não verbal muito eficaz, pois, através dele eu posso chamar atenção, acalmar, acalentar, demonstrar afeto e, promover bem estar. Pode-se fazer uso de música para trazer a tona algumas lembranças. Tudo é possível.
10-Se alguém da família teve ou tem Alzheimer, é possível que outras pessoas sejam acometidas também?
Não necessariamente. A história familiar de Doença de Alzheimer pode ser um fator de risco que predispõe para a doença. Entretanto, outros aspectos devem ser considerados. O fato de ter pai/mãe, avós com a doença não quer dizer que a doença será transmitida, devemos considerar apenas como um fator de risco.
Estudos mostraram que, existe uma composição genética na doença quando ocorre em pessoas abaixo dos 60 anos de idade. Por conta de ter observado que, havia muitas pessoas da mesma família com essa ‘mutação’, considerou-se que, ela seria hereditária
11-Quanto tempo a DA passa de uma fase para outra?
Não existe tempo determinado e as fases são apenas uma orientação para nós. Depende muito do cuidado que essa pessoa recebe, o quão ela é estimulada física, cognitiva e socialmente. A pessoa pode ter sintomas de todas as fases. Devemos observar quais os sintomas mais presentes para então identificar em qual fase se encaixa mais.
12- O Alzheimer aparece de repente ou gradualmente após os 85 anos?
Na verdade, antes mesmo dos primeiros sintomas aparecerem consideravelmente, a doença já está agindo no mínimo de 10 a 15 anos de forma silenciosa e, nós acabamos por não perceber, pois, consideramos certos comportamentos como parte do envelhecimento normal e não são.
13-O que fazer quando a pessoa com DA perde o apetite?
Não é falta de apetite. Um dos primeiros sintomas do Alzheimer também é a perda do paladar, por isso recusam a alimentação. Os alimentos doces costumas ser mais aceitos, procure variar esses alimentos desde frutas, gelatina, mingau etc. Confira a temperatura da comida, sirva pequenas porções. É preciso ter cuidado com a alimentação, para que não haja excesso ou falta de nutrientes. Sempre procure orientação de um profissional.
14- Até que ponto devemos respeitar as vontades da pessoa com DA?
A pessoa com Alzheimer deve ter sua autonomia e independência respeitadas enquanto ainda for possível. É claro, sabemos que, em alguns momentos, a teimosia falará mais alto, mas, com paciência e carinho podemos contornar as situações. Converse, tenha calma, . Mantenha as medicações em dia.
15-Meu ente querido quer voltar a morar com a mãe, já falecida, o que fazer?
Respeitando nosso ente querido, dizemos a verdade uma única vez. Porém, não podemos ficar provocando dor e sofrimento o tempo todo, então, usamos de estratégias, as vezes contamos uma história, outras vezes omitimos como: "Olha Dona Maria, fulano foi trabalhar". Sabemos que não é o correto, mas, não vemos motivo para causar sofrimento ainda maior.
16-Não temos condição para o tratamento, onde buscar ajuda gratuita?
O SUS (Sistema Único de Saúde) tem uma equipe especializada de atendimento, inclusive com atendimento domiciliar com a visita de profissionais especializados neste contexto. Procure o posto de saúde mais próximo da sua residência.
17- Os adesivos patch disponibilizados pelo SUS são eficazes?
Sim, são eficazes. A vantagem é que reduz os efeitos colaterais gastrointestinais comuns às terapias orais, como náuseas, vômitos
que, muitas vezes, são causados pela ingestão de uma grande quantidade de comprimidos, trazendo maior qualidade de vida para a pessoa com DA.
18- Os antibióticos da minha mãe foram cortados pois perderam o efeito, é normal?
Muitas são as causas para um antibiótico perder seu efeito: bactéria resistente, dose baixa, antibiótico errado, horários não obedecidos, outros medicamentos que interferem no antibiótico, entre outros. É importante consultar um médico.
19-Como lidar com a teimosia?
PACIÊNCIA, RESPEITO E AMOR. Lembre-se sempre que, não é pessoal, é a doença agindo. A pessoa com DA não tem culpa e não deve ser tratada diferente por conta disso. É importante, em qualquer ação, explicar o que será feito, olhar nos olhos, falar baixo, tocar com ternura. Nunca afronte a pessoa mas, tente confortá-la de alguma forma.
20- Qual a maneira correta para a higiene bucal?
A maneira correta é aquela que melhor se adapta a pessoa. Pode-se usar de uma gaze enrolada nos dedos ou em um palito de sorvete, até mesmo escova de dente macia se for possível. Lembre-se sempre de higienizar as próteses, língua e palato. Se a pessoa não abrir a boca, podemos usar de uma estratégia caseira, usando uma garrafa pet cortada, como na imagem abaixo.
21- O medicamento 'Risperidona' é bom?
A Risperidona é um neuroléptico, um medicamento psiquiátrico que ajuda nos sintomas psicóticos que o paciente venha a apresentar, principalmente, delírios e alucinações, mas também é comumente usado para agressividade, desconfiança, pobreza de pensamento, isolamento social e emocional. É bom esclarecer que seus efeitos dependem de pessoa para pessoa e não é igual para todos. Este medicamento não pode ser usado em pessoas com doenças cardíacas.
22-Pessoa agitada, não aceita cuidador nem outras pessoas em casa, não quer sair, o que fazer?
A agitação é um sintoma comum na Doença de Alzheimer. Primeiramente é importante observar em que momento ou situação o paciente fica agitado, muitas vezes é um estímulo do próprio ambiente que o provoca. Posteriormente, procure um neurologista , ele pode ajustar a medicação para auxiliar na redução desses sintomas. Inclua na rotina desse paciente atividades físicas, cognitivas e sociais.
23-Meu sogro foi diagnosticado com 66 anos, achamos muito cedo. Com que idade os familiares de vocês foram diagnosticados?
A incidência de Alzheimer é maior em pessoas acima dos 80 anos. Mas, comumente, o diagnóstico ocorre em pessoas acima dos 60. Ainda há casos de pessoas diagnosticadas antes dos 60 ou 50 anos, o que chamamos de Alzheimer familial, este possui um componente genético e hereditário.
24- Como se dá o início da doença? É de um dia para o outro ou é aos poucos?
Antes mesmo dos primeiros sintomas serem notados de forma significativa, a doença já está agindo no mínimo de 10 a 15 anos. O que nos dificulta perceber é que acreditamos que esquecimentos fazem parte do envelhecimento normal e isso não é verdade. Os primeiros sintomas mais marcantes são os lapsos de memória, dificuldade de realizar as atividades básicas de vida diária, certa confusão e repetição de assuntos. Ao menor sinal, procure um médico.
25- Óleo de coco e Doença de Alzheimer?
O óleo de coco é excelente para o bom funcionamento do organismo. Ajuda no sistema imune, na saúde cardiovascular, ajuda nos sintomas da tireoide, na perda de peso, infecções, traz benefícios para pele e cabelo, entre outros. Porem, não há estudos significativos que relacionem o óleo de coco com a melhora na DA. Embora muitas pessoas estejam usando e, afirmando, notória melhora em seus entes queridos, é sempre importante procurar um médico e conversar sobre isso, nunca incluam nenhum tipo de alimento sem prescrição.
26- Demência senil pode evoluir para Alzheimer?
Demência é uma síndrome, ou seja, um grupo de sintomas que podem acompanhar certas doenças ou condições, podendo ser reversíveis ou irreversíveis. É produzida por inúmeras e diferentes causas. Devido a deterioração cognitiva permanente que altera a capacidade de autonomia e independência para atividades de vida básica, é possível que um quadro de demência senil (sem grandes alterações ou perdas cognitivas que atrapalhem o indivíduo) evolua para Doença de Alzheimer, o que chamamos de demência na Doença de Alzheimer.
27- Agressividade na Doença de Alzheimer, como agir?
A agressividade na DA é um sintoma muito comum e pode ser controlado com medicação. É importante observar em que momento essa agressividade ocorre. Se é na presença de alguma pessoa específica, em que horário do dia e, o mais importante, verificar se a pessoa não está com dor, infecção urinária, alguma roupa apertada, se não precisa ir ao banheiro, se não está com frio ou calor e etc; situações que podem desencadear agressividade também. Observação é uma grande aliada do cuidador. Fale baixo, toque suavemente, olhe nos olhos.
Ao persistir o sintoma, procure um médico.
28- Alzheimer precoce: é normal síndrome do crepúsculo, agressividade e incontinência urinária durante o sono?
Não só no Alzheimer de forma precoce mas no Alzheimer esporádico esses sintomas são bem recorrentes. É importante criar estratégias para lidar com a situação. Na síndrome do crepúsculo, procure deixar o ambiente iluminado e retire qualquer objeto que faça sombra e cause medo na pessoa. Na agressividade, observe quando e de que forma ocorre, se é na presença de alguém, se há dores, assaduras, se a roupa está apertada etc; Para a incontinência urinária noturna, é interessante introduzir aos poucos, o uso de fraldas geriátricas.
Procure um médico e converse sobre as medicações.
29- Só a tomografia é suficiente para diagnosticar Alzheimer?
Não. A tomografia isoladamente não serve como diagnóstico.
Vários instrumentos clínicos são usados para se chegar ao diagnóstico: uma história médica completa, testes para avaliar a memória e o estado mental, avaliação do grau de atenção e concentração e das habilidades em resolver problemas e nível de comunicação.
Testes laboratoriais como exames de sangue e urina são usados para excluir outras causas de demência, algumas delas passíveis de serem curadas. Métodos de imagem: tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, SPECT e PET, são utilizados para determinar o tipo de demência. A doença de Alzheimer só pode ser diagnosticada com certeza através do exame microscópico do tecido cerebral por biópsia ou necropsia.
30- Meu ente querido com Alzheimer arrumou um namorado imaginário, como lidar?
Situação comum na Doença de Alzheimer, o cuidador tem que ter muita paciência e jogo de cintura. É sempre importante trazer dados de realidade para a vida do paciente mas, nestes casos, devemos tomar cuidado pois, se damos atenção demais podemos entrar no delírio do paciente e adoecer também. Então, não afronte, apenas diga: "que legal", e desconverse. Convide para tomar um café, passear ou ofereça uma distração para a pessoa.
31-Após uma queda, onde o idoso de 88 anos caiu e bateu a cabeça tendo coágulo, posteriormente apresentando agressividade e esquecimento, isso pode ser Alzheimer?
Não necessariamente esquecimentos e agressividade podem ser Alzheimer. É importante lembrar que um coágulo no cérebro de origem diversa muda a estrutura cognitiva, assim como o AVC e outras condições. Observe se, a agressividade não pode estar relacionada a uma causa externa como: dor, desconforto, roupa apertada, coceiras ou assaduras ou até, algum cuidador que a pessoa não se identifica. Lapsos de memória são comuns em qualquer fase da vida. Perda de memória não!
32-Minha avó tem Alzheimer e sente fome toda hora, acaba de comer e diz que está com fome, isso pode ser ansiedade?
É muito importante que a pessoa com Alzheimer tenha uma rotina pré estabelecida, inclusive, com a alimentação. Horário regrados, alimentação variada e balanceada dentro do possível. É comum na DA o paciente comer e dizer que está com fome ou ainda, dizer que não comeu. Na verdade, pelo comprometimento cognitivo, ele não compreende que já se alimentou e, para ele sempre estará com fome ou vai querer mais porque alega não ter comido. Tenha um horário certo para as refeições e, se a pessoa insistir que não comeu ou que ainda está com fome, distraia-o com fotos, passeios ou outras atividades.
33-Como agir quando o doente quer "ir embora" a todo preço?
Essa é outra situação muito comum na Doença de Alzheimer. Geralmente, as pessoas com DA por conta da doença, começam a não reconhecer o seu lar como seu de fato e, o desejo de ir embora aumenta consideravelmente. Em alguns casos, as pessoas chegam a fugir de suas casas, o que faz ser necessário vigilância constante. Quando isso acontecer, aproxime-se com carinho e com muita calma explique que essa é a sua casa, mostre objetos pessoais e fotografias que provem isso. Se não der certo, leve para dar uma volta e depois retorne ao lar, normalmente, eles voltam a reconhecê-lo.
34-O que fazer com o idoso que não quer ir ao médico?
Momento muito difícil da Doença de Alzheimer, conseguir levar o paciente ao médico é quase uma missão impossível. Sempre orientamos a criar estratégias/histórias que possam incentivá-lo a sair como, por exemplo, que vai visitar alguém importante para essa pessoa mas que precisa tomar um bom banho para ir; dizer que vai receber uma visita e que o paciente precisa estar limpinho e cheiroso. Muitas vezes é importante conversar antes com o médico para que ele crie um ambiente não-médico para que o paciente se identifique. Em casos mais graves é interessante ir até o postinho ou convênio e solicitar a equipe de medicina preventiva para atendimento no próprio lar.
35- Memantina na Doença de Alzheimer, qual sua função?
A Memantina (cloridrato de memantina) é um medicamento usado nas fases moderada a grave da doença com o objetivo de bloquear a formação do excesso de cálcio no interior do neurônio, que o leva à morte. Ela atua para ajudar a retardar e amenizar os sintomas da DA.
Conclui-se que, se esse excesso for controlado e bloqueado automaticamente, os neurônios serão preservados.
A Memantina não tem caráter de medicação psiquiátrica, ou seja, ela não serve para controle de comportamentos inadequados e nem como tranquilizante.
36-Diarreia e prisão de ventre são sintomas da Doença de Alzheimer?
Sim, ambas fazer parte em algum momento da doença. Prisão de ventre pode causar desconforto e complicações clínicas. Diarreias, por sua vez, podem gerar alterações metabólicas e desidratação. É pouco provável que o paciente com Doença de Alzheimer acompanhe a frequência e a consistência das evacuações. Por isso, é essencial o acompanhamento do cuidador, sendo que períodos prolongados de ambas alterações envolvem riscos importantes à saúde do paciente. Observe a alimentação, a oferta de água, o uso de medicamentos entre outros.
Prisão de ventre e diarreia prolongadas podem requerer intervenção médica urgente.
37-Qual a especialidade médica mais indicada para o tratamento, Geriatra ou Psiquiatra?
A especialidade mais indicada é o Geriatra, médico responsável pelas questões do envelhecimento. É o Geriatra que encaminha para outras especialidades de suporte como neurologista e psiquiatra, quando necessário. Porém, pela DA se tratar de uma doença do cérebro, muitas pessoas acabam por ir direto ao Neurologista. É importante lembrar que o Geriatra atua como um todo e não só em doenças do cérebro, o que é mais vantajoso, uma vez que outras questões precisam ser tratadas e acompanhadas.
38-Dizem que a doença é mais comum em mulheres, é verdade?
Mais mulheres do que homens têm a doença de Alzheimer. Porém, como a expectativa de vida das mulheres é pelo menos 5 anos superior a dos homens não se sabe se o risco está no gênero ou no fato das mulheres viverem mais do que os homens.
Porém, estudos recentes apontam uma nova teoria que envolva uma condição genética para explicar essa condição.
39-Hereditariedade e Alzheimer?
Existem dois tipos da Doença de Alzheimer:
A esporádica que acomete a qualquer pessoa da população e ocorre em pessoas acima de 60 anos e; a familial, que possui componentes genéticos e hereditários e que ocorre de forma precoce, antes dos 60, 50 anos. Logo, existe sim um componente genético e hereditário na Doença de Alzheimer, mas, isso, não quer dizer que todas as pessoas da família terão a doença futuramente, mas que a hereditariedade é fator de risco para desenvolver a doença.
40-Mesmo com vontade de se alimentar porque a pessoa em estado avançado não consegue engolir?
A mastigação e a deglutição podem ser afetadas ao longo da progressão da doença de Alzheimer.
A pessoa acaba por esquecer como se mastiga e engole os alimentos, mesmo sentindo muita fome.
Pode ser necessário dar instruções sobre quando mastigar e quando engolir, fazer gestos, dar comandos curtos, usar-se como modelo.
41- Trocar o dia pela noite mesmo com medicação em dia, porém, nenhummedicamento parece fazer efeito, Será essa uma das fases da enfermidade ?
Toda pessoa tem uma dose máxima de medicação que pode ser ministrada. As medicações prescritas para as pessoas com Alzheimer, tanto para a doença em si como as medicações psiquiátricas devem ser revistas periodicamente a cada 3 meses e, se houver necessidade, o médico fará o ajuste.
Porém, essas medicações não são eternas, pois, em um dado momento, que é individual, elas perderão seu efeito e a doença seguirá seu curso.
42-Quando perceber a necessidade de introduzir sonda alimentar?
Devemos sempre levar em consideração o estado de saúde e, principalmente, o nutricional da pessoa doente.
Não é uma regra geral, mas algumas pessoas conseguem se alimentar sem uso de sonda desde que assistidas por profissionais que podem auxiliar o cuidador neste processo. Porém, há aquelas pessoas que não conseguem mais se alimentar, perdem muito peso, o quadro de saúde acaba piorando. Devemos sempre repensar o que é melhor para esta pessoa? Estar bem alimentada e nutrida ou, ficar insistindo em uma condição que ela não consegue mais?
43- É normal ver e ouvir TV e achar que aquilo que está acontecendo é real?
Sim, é normal e comum. A pessoa com Alzheimer não consegue distinguir o real do imaginário, logo algumas situações como a televisão, rádio e etc, podem despertar ideias de que aquilo é real. Isso ocorre também em casos de delírios e alucinações, onde a pessoa doente vê outros membros da família que já não estão mais presentes, escuta vozes etc.
É importante trazer dados de realidade como forma de tranquilizar a pessoa.
44-Meu ente querido tem Alzheimer e tem noção sobe sua condição, chora o tempo todo. Acho que está em depressão. Posso retirar a medicação?
É importante que a pessoa com Alzheimer faça acompanhamento psicológico, principalmente, quando ainda tem consciência de si. Converse com o médico e veja a possibilidade de ajustar a medicação para Alzheimer e peça para entrar com a medicação psiquiátrica. Nem todos se dão bem com as medicações, mas é importante tentar, sempre!
45- A medicação EPEZ tem bom resultado para pessoas com Alzheimer?
Sim, geralmente tem um bom resultado. O EPEZ é o nome comercial do Cloridrato de Donepezila, uma das substâncias usadas no tratamento da Doença de Alzheimer.
Porém, seu uso pode variar de pessoa para pessoa, inclusive, seus efeitos colaterais.
É importante visitar o médico e conversar com ele sobre isso.
46-Meu ente querido está no estágio intermediário. Há uma semana tem apresentado dificuldade em se manter assentada, será que ela está indo para o estágio avançado?
Não temos como precisar a fase em que uma pessoa se encontra, pois, as fases servem apenas para nos localizarmos em relação à doença. A dificuldade pode ser por vários motivos desde fraqueza por desnutrição, reação a medicação e, até mesmo, sintoma da doença.
47-Alucinações são normais?
Alucinações e delírios fazem parte do contexto da DA. Observe o ambiente, se há algo que desencadeia essas alucinações e em que momento acontece. Muitas vezes, pequenas mudanças no ambiente podem ajudar a diminuir esses eventos. Não afronte a pessoa e nem entre em sua alucinação. Apenas contorne mudando o foco para outro contexto. Mantenha a medicação em dia.
48-Existe alguma dica para melhorar a retenção de líquido para a pessoa com Alzheimer (acamado).
É importante realizar uma massagem do tipo drenagem linfática bem como alguns exercícios específicos. Procure um profissional especializado para essa técnica. O médico pode indicar um diurético.
49- Faz parte da doença perder a voz?
Sim, faz parte. Em uma fase mais avançada da doença, o paciente pode diminuir seu repertório de palavras e, inclusive, emudecer. É importante que a pessoa com DA seja acompanhada por um fonoaudiólogo a fim de que possa atrasar esse processo.
50-O comportamento da pessoa com Alzheimer, tem a ver como ele era e como se comportava no decorrer de sua vida passada ?
Na verdade, não. Toda pessoa com o envelhecimento tem suas qualidades e defeitos acentuados, ou seja, se sempre foi chato, será absurdamente chato quando mais velho. Todas as alterações que ocorrem são devido a degeneração de neurônios em partes especificas do cérebro responsáveis por esses comportamentos. O que pode ocorrer é uma mudança de gostos pois, ele não se lembra de como fora antes.
51- É comum a pessoa com DA ficar desorientada no fim de tarde. As fases da lua interferem no comportamento deles?
Não há estudos que comprovam que a mudança de lua possa interferir no comportamento da pessoa com DA. Porém, podemos observar que, nos fins de tarde onde existe a penumbra entre o dia que esta acabando e a noite que esta começando, muitos pacientes ficam confusos, agitados e desorientados, essa condição chama-se síndrome do crepúsculo ou síndrome do entardecer.
52- Meu ente querido foi diagnosticado com DA mas não aparenta estar doente. Não sabe o dia e ano em que estamos e nem a data de aniversário. como posso ajudá-lo?
As dificuldade de tempo e espaço são sintoma marcante na DA. É importante criar estratégias que possam estimular a pessoa em sua própria casa, auxiliando-a a lembrar desses pequenos detalhes. Use calendário, relógio, fotos da família.
53- Ficar cantarolando o dia todo é comum?
Algumas pessoas perdem a capacidade de se comunicar, logo vontades, dores deixam de ser comunicadas levando a pessoa com DA a apresentar outras formas para chamar atenção. Cantarolar pode ser uma delas. É importante verificar em que momento isso ocorre, e se há presença de delírios e alucinações. Pode ser apenas uma fase da doença.
54- Meu ente querido balbucia coisas sem sentido o dia todo. Queria dar uma chupeta para ver se tranquiliza.
Não temos dados de que a chupeta pode ajudar a tranquilizar a pessoa com DA. Inclusive, acreditamos que pode ser perigoso, principalmente, se a pessoa mastigar a borracha e engolir ou, se na ausência de próteses acabarem se asfixiando.
Inclua na rotina da pessoa atividades para entretê-la como televisão, música ou até mesmo ajudar em tarefas domésticas que não sejam perigosas. Sempre consulte um médico e o notifique das alterações da doença.
55- Meu ente querido já não quer mais comer, com muito custo tomou leite, só quer dormir, o que fazer?
Algumas condições como não querer comer ou só querer dormir são sintomas da doença. É importante em casos como este, avisar ao médico que dará orientações importantes. A presença de uma fonoaudióloga pode ajudar a exercitar a função de alimentar pois, os pacientes esquecem que sentem fome e, principalmente, esquecem como comer (mastigar e engolir).