Comunicação na Doença de Alzheimer
No cuidado e convivência com pessoas com Doença de Alzheimer, somos diariamente convidados a novos desafios e aprendizados. Um dos aspectos bastante relevantes no cotidiano das relações entre cuidadores/familiares e o paciente é a comunicação, que influencia diretamente na qualidade do cuidado que fazemos e na relação que cultivamos com nosso paciente/ente querido. Saber ouvir e buscar maneiras de significar os diálogos é um dos maiores desafios, já que a própria rotina pode nos apressar, diminuindo a disponibilidade para fazer uma escuta cuidadosa e qualificada, que certamente auxiliará nas negociações que muitas vezes são necessárias no cotidiano: nos momentos de comer, administrar medicações e auxiliar no banho, entre outras tarefas. Assim, algumas dicas podem nos apoiar a estabelecer e manter uma comunicação de qualidade junto ao nosso paciente: - Os estímulos são importantes e necessários, porém devemos evitar expressões como "você não se lembra?", pois estas podem constranger e gerar um ambiente de tensão, ao passo que numa conversa agradável, vamos fornecendo elementos que auxiliam o paciente a se recordar, tornando o diálogo amistoso e acolhedor; - Quando as ideias estiverem mais confusas, podemos auxiliar o paciente sem fazer confronto com o que ele está dizendo, isso também é cuidado! - Quadros de delírios e alucinações podem ocorrer e fazem parte da patologia - ainda que nos pareçam absurdos ou ilógicos, aos pacientes eles fazem muito sentido e são realmente vivenciados: o afeto gerado é real e é disso que temos que cuidar. Assim, é importante acolher o paciente com palavras afetivas:"eu entendo você e estou aqui para te amparar", "você não está sozinho". Como alternativa, podemos, aos pouquinhos, ir incluindo outros elementos na conversa, para acalmar e acolher, sem contestar o paciente se aquilo é ou não é real; - Muitos de nós já sabemos que os pacientes com DA podem contar bastante histórias repetidas e nossa maior forma de cuidado é acolher o que está sendo dito de forma amigável e disposta, o que pode ser também um bom momento para ir destacando elementos: "e quem estava com você mesmo?", "fazia sol naquele dia?"; como já conhecemos a história, podemos então pensar em perguntas contextualizadas e que por isso fazem sentido na conversa. Outra maneira é ir complementando:"naquele dia fez tanto calor, poxa!", dando ritmo e continuidade ao diálogo estabelecido.
A arte do cuidar se desenvolve todo dia, em todos os gestos que fazemos para nosso ente/paciente.
Tenhamos calma, pois o aprendizado também é diário!