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Diferenças entre bebês e idosos com demência

Texto de Luciana Horta

Quem acha bebês encantadores? Eles não sabem falar, choram dioturnamente quando estão com dor, fome, incomodados e, todos tentam entender o que se passa para resolver o choro. Eles não sabem andar e são carregados para todos os lugares juntinhos com quem cuida. Os banhos são carinhosamente preparados para ser além de um momento de higiene, um momento de diversão. Quando começam a dar os primeiros passos lá estão os pais, irmãos, tios, avós para ampará-los e não deixá-los cair. Eles não tem dentes e toda a comida precisa ser preparada de forma que consiga se alimentar. Eles esboçam interação com os outros, através de tímidos sorrisos e olhares. Eles têm sentimentos e, por isso, interagem. E lá estão todos em volta para fotografar, curtir aqueles momentos tão lindos. Eles usam fralda e, sem nenhum nojo, são prontamente trocados e ficam limpinhos e cheirosos. E assim vão se desenvolvendo, aparecem os dentinhos e eles começar a morder. Tudo passa pela boca, que é a maneira que eles têm de se conectar com o mundo. E aprendem a falar, a andar, a brincar sozinhos, tomam seus banhos, escovam seus dentes, fazem pirraça e vida que segue. E porque os bebês são tão encantadores? Porque são fofinhos, cheirosinhos e transbordam vida e alegria. Porque são curiosos, atentos, exploradores da vida. Quem acha idosos com demência encantadores? Eles não sabem falar, gritam dioturnamente quando estão com dor, fome, incomodados e, poucos tentam entender o que se passa para resolver o grito. Eles perdem a capacidade de andar sozinhos e muitas vezes são deixados no canto, pois poucos se disponibilizam a acompanhar a marcha deles. Diferente dos bebês eles não tem pais, tios, avós para ampará-los, dar segurança e não deixá-los cair. Sequer alguém para ajudá-los a levantar. Os banhos embora carinhosamente preparados, são momentos de tensão, agressão, agitação, cansaço. Eles perdem os dentes e toda a comida precisa ser preparada de forma que consiga se alimentar. Eles esboçam interação com os outros, através de tímidos sorrisos e olhares. Mas são poucos que estão em volta para fotografar, curtir aqueles momentos tão lindos. Eles usam fralda, mas são poucos que não tem nojo de fazer a troca. E assim vão regredindo, e os poucos dentes que restam eles usam para morder, como forma de expressar um desgosto por alguma ação de quem cuida. E desaprendem a falar, a andar, a brincar sozinhos, a tomarem seus banhos, escovarem os poucos dentes que restaram. Tornam-se 100% dependentes da boa vontade do outro. Do carinho e da atenção do outro. E vida que regride.

E porque os idosos com demência seriam encantadores?

Porque um dia foram bebês, foram filhos, foram pais, foram avós fofinhos, cheirosinhos e transbordaram vida e alegria. Porque durante toda a vida, foram curiosos, atentos, exploradores da vida. E aprenderam muito. E tem muito que nos ensinar, seja com o silêncio, com palavras, com olhares, com toques, com sentimentos. Porque merecem respeito, consider-AÇÃO, amor, carinho, atenção, enfim, tudo que nos deram durante as nossas vidas.

O idoso com demência pode não saber quem são as pessoas. Mas as pessoas não podem esquecer quem é ele, nunca.


Fica a Reflexão!

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