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Cuidando da Identidade


Em diversas situações de adoecimento, principalmente quando há comprometimento da memória e linguagem, os pacientes acabam por vivenciar mudanças importantes em seus hábitos, gostos e preferências, nos dando a sensação de que estão se distanciando de quem foram a vida toda e de suas reais identidades, pelas mudanças comportamentais inerentes à alguns quadros clínicos.


Muitas vezes, por imposição dos sintomas, os pacientes vivenciam dificuldades para se expressar e se comunicar, ao fazer escolhas e tomar decisões; aqueles ambientes que até então eram de lazer passam a ser angustiantes e estressores; os pratos preferidos já não são saboreados da mesma maneira pela dificuldade de mastigar, engolir até mesmo pela falta de apetite.


Diversas questões podem influenciar nesta mudança do comportamento de forma geral, que modificam o interesse e até as expressões faciais de quem tanto amamos e nutrimos afeto.

Como podemos, então, favorecer a manutenção desta identidade o máximo possível?


Enquanto o paciente conseguir, deverá ser estimulado a escolher as roupas que irá vestir, mesmo que não combinem muito entre si: e aqui sempre vale tentar negociar e estimular o uso daquela peça que sempre gostou, com carinho e cuidado.


Vale a pena estimular também que o paciente escute suas músicas preferidas, mesmo que quando perguntado já não saiba mais dizer quais são: certamente quando as ouvir, irá recordar aos pouquinhos.


Se o paciente é uma pessoa vaidosa, garantir que seus hábitos continuem sendo mantidos: fazer as unhas, arrumar os cabelos, usar bijuterias, maquiagem, chapéu, dentre outras. Estimular os hábitos e costumes religiosos também pode ser uma ótima forma de cuidado.


É importante se atentar, contudo, para que estas ações sejam mantidas e estimuladas enquanto há benefício para o paciente, pois se começam a gerar sofrimento, deixam de ser terapêuticas e confortantes e então, perdem o sentido.


O desafio é constante, mas devemos procurar entender os atravessamentos dos sintomas como sendo parte da doença e, ainda que interfira sobremaneira no comportamento daquela pessoa de quem cuidamos, ela continua ali, viva e dona de sua história pregressa - continua sendo ela mesma, apesar do adoecimento e de possíveis perdas.

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