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Cuidando da identidade e da relação de cuidado




Frente a alguns quadros de adoecimento, muitas vezes vemos nossos entes Queridos e/ou pacientes tornarem-se mais dependentes, o que os faz necessitar de apoio e auxílio para realização de tarefas e atividades que, até então, eram simples e cotidianas.


Não é nada fácil presenciar e acompanhar estas perdas, que podem permanecer e, com o tempo e a depender do diagnóstico, podem se agravar - daí a enorme importância em buscar atendimento e apoio profissional.


Porém, gostaria de convidar a uma reflexão sobre a forma como nós nos referimos e tratamos nossos pacientes, principalmente aqueles que já são idosos.


Não é porque a pessoa não consegue mais usar o banheiro sozinha e necessita de fraldas, ou porque já não consegue mais levar o talher até a boca que ele ou ela involuiu.


Nestas situações, naturalmente associamos as dependências e necessidades com o contexto infantil: "voltou a ser criança", "é o meu bebê grande", dentre outros exemplos, que mesmo imbuídos de boa intenção e de afeto, colocam o idoso ou o paciente numa posição que não é a real e podem infantilizá-lo. Não voltamos a ser criança, ainda que as atividades tidas como básicas não sejam mais possíveis em virtude de um processo de adoecimento.


Lembre-se que esta pessoa provavelmente já fez isso e muito mais coisas sozinha: trabalhou, viajou, criou e educou os filhos, escreveu um livro, pintou quadros, compôs musicas, fez conta de matemática, receitas gostosas, dirigiu e fez a gestão de toda sua vida, durante o período em que lhe foi possível.


Assim sendo, este indivíduo tem uma trajetória, merece e precisa ser respeitado e tratado como o adulto que é, mesmo na vivência de muitas perdas, dificuldades e quadros mais graves e intensos. Isto continua sendo parte da história desta pessoa, continua sendo de sua propriedade - ainda que ela própria já não se recorde, isso não muda o fato de que fora, durante um bom período de sua vida, alguém independente, forte, cheio de capacidade e energia.


Cuidar desta relação é importante e faz bem a todos os envolvidos! Empodere seu paciente, pois assim estará se empoderando também.

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