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Todo cuidado é um gesto de amor!



26/07 meu aniversário...


Dia dos avós. Acho que não é por acaso que nasci nesse dia.


Sempre acreditei que pessoas criadas por avós são pessoas mais felizes. Mas hoje vejo que, além de mais felizes, também são mais humanas, pois, entendem com mais facilidade a dor do outro. Assim, veem com mais empatia as situações que certamente acontecem com nossos idosos.

E foi justamente a ligação de amor com meus avós Alba e Sebastião, lá do interior de Minas, em uma cidade chamada Pedralva, que me fez escolher ser cuidadora de idosos.

As vezes, as pessoas tem um certo preconceito. Eu vejo que essa profissão é subjugada. Até mal interpretada.

Outro dia, uma senhora eu que cuidava há pouco tempo, acabou falecendo. Fiquei destruída, a ponto de chorar por dias. Ainda tive que escutar de uma enfermeira padrão que eu não poderia nunca trabalhar na área da saúde.

Depois de muito analisar o que me disseram, cheguei a conclusão que sim, deveria sim trabalhar como cuidadora. Se eu sinto tanto o falecimento de alguém com quem fiquei dias apenas, é porque há uma entrega grande, há doação e carinho. E o que nossos vovôs e vovós querem, além disso? Além de ter alguém para ouvi-los repetidamente, contar sobre como que foi a vida deles, como foi a infância peralta, a adolescência reprimida ou rebelde. Escutarmos sobre os amores que tiveram, sobre o casamento, filhos, as histórias dos filhos, dos netos; até dos bisnetos. Sim, escutamos com prazer, mil vezes se necessário for. Gostamos de ver a empolgação nos olhos deles.

As vezes, os consolamos pelas decepções que tiveram nessa vida; dos amores que não foram vividos, das perdas, da falta de carinho dos filhos para quem eles tanto fizeram e dos netos que tanto amam.

Nós lamentamos juntos. Nós rezamos com eles, a oração que Jesus ensinou. Vemos missas, novenas, palestras, documentários. Acompanhamos o jornal que eles gostam, a novela reprisada, a novela mexicana que nunca assistiríamos por vontade própria.

Estamos com eles com dor nas costas ou nas pernas, massageando para passar rápido.

Nós, as cuidadoras, fazemos o suco que não pediram, só para agradar um pouquinho que seja. Em nossa casa preparamos um doce, um pão, um caldo especial pra surpreendê-los.

Ligamos na folga para saber se estão bem. A gente sabe que eles sentem nossa falta. Preparamos um almoço especial todo dia. Mesmo que eles só experimentem, por não conseguir comer mais.

Tentando levar um sorriso para eles. Mesmo que muitas vezes, somos nós que precisamos de colo, pois, somos humanos e temos problemas.

Tudo isso, dando a medicação no horário certo; dando banho; trocando fralda ou sonda, aferindo a pressão, glicemia ou temperatura, colocando e tirando meias dos pés, fazemos a higiene deles, passando aquele shampoo roxo para o cabelo ficar com um branco especial, a ponto de todo mundo perguntar como consegue deixar o cabelo deles com aquele tom lindo. Colocamos perfume e a roupa sempre está uma beleza. A barba está feita, o quarto cheiroso, porque temos nossos truques...

Então, depois de uma semana junto com eles, criamos laços. Agradeço à Deus por existir alguém que possa fazer isso por eles. Pois, há tantos que não tem esse privilégio, acabam no esquecimento e frieza das casas de repouso. Acredite, por melhor que seja, eles querem presença. Mesmo que já estejam esquecendo de tudo!

E isso me dói. Me dói pensar que tantos vovôs e vovós estão agora nesse momento, entre eu começar e terminar esse texto, sendo espancados, mal tratados ou enganados.

Penso, será que pessoas assim não foram criadas pelos avós? Quanto vale ser bem tratado e cuidado com carinho hoje em dia?

Enfim, somos nós, as cuidadoras e cuidadores, que ganhamos com tanta experiência com eles.

Amamos escutar; Amamos aprender; Amamos poder cuidar!

Temos tanta história para contar... nesses anos foram tantas lições. A nossa troca é diária.


Então não subestime um cuidador. Ele não faz isso por falta de opção. Ele faz por amor!

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